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Mãe Mar

O projeto parte da diversidade de maneiras como a orixá Iemanjá é caracterizada, para espelhar a pluralidade de origens e a forte miscigenação que caracterizam o povo brasileiro e a história da cultura de matriz africana no Brasil. 

Destaca a beleza desse culto à beira mar e traz elementos de religiões que ainda são bastante desconhecidas e discriminadas.
 

As religiões de matriz africana que conhecemos hoje tiveram suas origens nos cultos trazidos para o Brasil durante o período colonial especialmente pelos povos Bantu, Jejê e Nagô.

 

Os Nagôs, iorubanos, conheciam a orixá das águas como Iemanjá, os Jêjes a chamavam de Aziri Kaia e a nação Angola (Bantus) de Kaiala.

 

Em terras brasileiras, todas essas visões sobre a orixá se mesclaram entre si e também com as lendas indígenas das Janaínas, das Iaras e com outras influências europeias.

 

A Iemanjá brasileira é, portanto, uma divindade que emerge de uma grande hibridização.

Em muitas de suas representações a orixá carrega um abebé (um espelho mítico) que, dizem, mostra o reflexo de nós mesmos.

Na festa à beira mar, cada terreiro que monta o seu altar adota uma imagem diferente, que reflete o imaginário daquele grupo de pessoas e, num país diverso como o nosso, não é de se espantar que sejam muitas as formas como essa orixá é representada - mulher negra, mulher branca, sereia, boneca, rainha, mãe, amante sensual...

 

É essa a diversidade de representações que aparece na catalogação fotográfica em Mãe Mar.

Instalação

A atmosfera do habitat de Iemanjá é recriada com imagens impressas em tecido e com a técnica experimental de cianotipia.

 

A maleabilidade do suporte escolhido faz com que as Iemanjás dancem no ar, num processo de mutação de materialidade em que o conjunto rígido de estátuas ganha o movimento do mar e a cor azulada das cianotipias reforça ainda mais a ideia de um mergulho na morada da orixá.

 Ao caminhar pela exposição, o visitante ouve registros em áudio dos batuques da festa, dos cânticos entoados pelos filhos de santo e dos sons das ondas do mar e pode ler algumas lendas sobre a orixá.

 

Para completar a experiência, vídeos com depoimentos de filhos de santo trazem diferentes visões sobre a experiência de participar dessa festa popular brasileira.

Zine

Livreto com 16 páginas que, ao ser folheado, apresenta 12 imagens de Iemanjá, mescladas com imagens do mar, enquanto apresenta 2 lendas relacionadas à orixá.

Uma delas pode ser lida no rodapé do zine, na sequência normal das páginas. A outra é montada sobre o mar, de maneira sequencial, embora de uma forma menos fácil de captar à primeira vista.

Para apreender o máximo de informações desse zine, o leitor terá que folheá-lo pelo menos 3 vezes já que as lendas, apesar de claramente separadas, se misturam ao longo das páginas, assim como acontece com as informações orais, típicas das religiões de matriz africana, que se misturam em conversas nem sempre didáticas.

Da mesma maneira, algumas imagens de Iemanjá e partes da montagem do mar, aparecem semiocultas, em páginas duplas ao longo do zine, sendo necessário empenho do leitor para descobrir todo o conteúdo do zine.

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